sexta-feira, 29 de abril de 2011

Corselet Preto II.

Aquela voz, como senti falta daquela som. 
- Fadel.
- Sentiu minha falta, querida?
O sangue subiu, não reconhecia mais meus sentimentos. Tudo ficou escuro, já não pensava rápido. 
- Por que sentiria? 
- Você está me seguindo, Elisa. Sabes muito bem que venho aqui toda quarta.
- Encontrar suas putas, tinha me esquecido desse pequeno detalhe.
- Fala a verdade, meu anjo. Você ainda me ama.
- Meu querido, o amor está vendo alguém morrer.
- E quem vai te ver morrer?
Um cretino, mas eu o amei. Não consigo pensar o quanto fui burra. Foi a tanto tempo. Não minto que ainda sinto um desejo incontrolável de amá-lo como antes, mas nunca seria o mesmo. Fui trocada por 500 reais de sexo sem sentimento, em nossa cama, na minha casa. Lembro como se fosse ontem. 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Corselet Preto.

Dói e sufoca, mas não se compara com a dor que sinto no coração. 
Quarta-feira, véspera do dia do meu nascimento. Sozinha, do mesmo modo em que nasci.
Chega de papo furado, - termino de passar o batom vermelho, solto meu cabelo - essa noite mais que nunca não sou de ninguém. 
Um tubinho preto com a cintura completamente marcada, um sapato vermelho - me sinto completamente poderosa, não sou alta, mas nele me sinto notavelmente no comando - . O interfone toca, pego minha bolsa, viro meu copo de vodka e tranco meu apartamento.
- Você está bonita hoje, minha filha.
-Obrigada Sr. Augusto.
- Mesmo lugar de sempre?
- Não, lembra aquele restaurante que só empresários frequentam?
- Sei, sim.
- Pra lá que vou hoje.
Ao entrar senti todos os olhares maliciosos de homens ligeiramente casados, passarem por meu corpo. Fui direto ao bar e me sentei.
- E para a Sra?
- Srta.
- Perdão, e para Srta?
- Um martini duplo seco com vodka.
- Só um minuto Srta.
Senti um frio na barriga, como se alguém estivesse com uma respiração ofegante em minha nuca, quando de repente...
- Essa é por minha conta, Elisa.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Engenharia Civil

Apesar de conhece-lo à anos, no momento em que o vi, meu coração acelerou-se. Cálculo I, não foi uma desculpa, confesso que me ajudou, e muito.
Aquele carisma, voz suave, o toque quase aveludado. Gostei. Foi bom. Não foi o que você pensa. Mágico, quase isso.
Acordar e vê-lo fora completamente formidável. Barba por fazer, abraço quente. Proibido. Gostoso.
Um de minhas coleções. Bom e ruim. Definitivamente bom.
Aqueles de uma noite. Incompleta, mas foi bom.
Uma noite. Uma manhã. Um começo e com ele o final. Assim que gosto. O vazio de depois. Qualquer dia, quem sabe.

domingo, 24 de abril de 2011

Pseudo-felicidade

Chega a ser inacreditável o modo em que as pessoas ao nosso redor não percebem o quanto estamos bem (mal ). Sorrisos falsos, 'estou bem e você?'
Cansei. Não suporto mais mentir. Apenas entre nós, um segredo... estou extremamente cansada de ser o que não sou. 
Universidade, tudo novo, pessoas novas, vida nova. Sim, dizer isso chega a ser comovente, mas você conseguiria deixar toda uma vida para viver cinco anos de putaria? 
Sou bem mais do que o fogo, é necessário preparar, tem de se conhecer o território. Não é uma questão de tesão. Também não são palavras, muito menos  livros. 
No meu secreto ponto de vista, a vida vai muito além de um prazer instantâneo, o mundo perdeu o romance, as flores já não são românticas como antes.
Cada vida se resume em ciclos, pessoas vão e vem, mas a questão é que no fim, são sempre as mesmas. Confesso que menti, talvez para esquecer esse eterno retorno indesejável.