quarta-feira, 27 de abril de 2011

Corselet Preto.

Dói e sufoca, mas não se compara com a dor que sinto no coração. 
Quarta-feira, véspera do dia do meu nascimento. Sozinha, do mesmo modo em que nasci.
Chega de papo furado, - termino de passar o batom vermelho, solto meu cabelo - essa noite mais que nunca não sou de ninguém. 
Um tubinho preto com a cintura completamente marcada, um sapato vermelho - me sinto completamente poderosa, não sou alta, mas nele me sinto notavelmente no comando - . O interfone toca, pego minha bolsa, viro meu copo de vodka e tranco meu apartamento.
- Você está bonita hoje, minha filha.
-Obrigada Sr. Augusto.
- Mesmo lugar de sempre?
- Não, lembra aquele restaurante que só empresários frequentam?
- Sei, sim.
- Pra lá que vou hoje.
Ao entrar senti todos os olhares maliciosos de homens ligeiramente casados, passarem por meu corpo. Fui direto ao bar e me sentei.
- E para a Sra?
- Srta.
- Perdão, e para Srta?
- Um martini duplo seco com vodka.
- Só um minuto Srta.
Senti um frio na barriga, como se alguém estivesse com uma respiração ofegante em minha nuca, quando de repente...
- Essa é por minha conta, Elisa.

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